Por Jorge Hori*
O transporte coletivo urbano nunca foi e não será um concorrente significativo dos estacionamentos pagos. Os elevados preços relativos dos estacionamentos fazem com que as pessoas que – mesmo tendo carro próprio – contam com a opção do transporte coletivo não se utilizem dos estacionamentos pagos. A menos de condições excepcionais. Podem até sair de carro, mas buscam estacionar o seu veículo em vias públicas, sem a necessidade de pagar pela vaga.
Os trabalhadores que fazem o trajeto casa-trabalho de carro deixando-o durante o dia todo num estacionamento pago, em geral, o fazem porque o seu custo é pago pela empresa, que o oferece como benefício. Sem incidência de contribuições ou impostos sobre o valor. Poucos estão dispostos a trocar a comodidade, supostamente sem custo, pelo incômodo do transporte coletivo.
O principal usuário avulso é aquele que precisa ir a vários locais ao longo do dia. A sua opção ao carro próprio é o táxi ou o chamado por um aplicativo.
Dessa forma, eventual restrição aos estacionamentos pagos não vai restringir o uso do automóvel, tampouco ampliar a demanda do transporte coletivo. Uma ampliação da rede metroviária em São Paulo vai – principalmente – transferir o usuário dos ônibus para o metrô. Só marginalmente irá captar o usuário do carro particular. Serão aqueles que moram perto de uma estação e se dirigem a um local também próximo à estação. A distância razoável para que isso aconteça são400 metrosou quatro quadras.
Mudanças nas políticas públicas urbanas pouco afetarão o futuro dos estacionamentos pagos. Esse está sujeito a fatores já analisados, como a evolução imobiliária e outras, principalmente de natureza tecnológica, que analisaremos adiante.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.